CINCO PLANTAS, UM GRANDE BENEFÍCIO

Antes de passar à descrição de cada uma, do comportamento entre elas ou associadas a outras, vou fazer um pequeno relato. Quando dou aulas de botânica aplicada nunca deixo de mencionar aos meus discípulos, o seguinte: se não forem capazes de fazer um diagnóstico bem conclusivo, receitem estas cinco plantas conjuntamente, pois, de certeza absoluta, os doentes vão ter benefícios.
Caro leitor, enquanto espera ter uma consulta, utilize-as, pode ter a sorte que o seu diagnóstico não é … mas era!
As plantas mencionadas neste artigo são benéficas a todos os grupos sanguíneos. Vou começar pela cultivada e terminar na mais desprezada.
Da linhaça, encontram-se vestígios de utilização, no antigo Egipto e remotas civilizações orientais, em tecidos e papiros provenientes das suas delicadas fibras. A indústria das tintas e vernizes não dispensam o óleo das suas sementes.
É na linhaça que encontramos bons benefícios terapêuticos com destaque para o aparelho digestivo, e sobretudo como lubrificante do intestino.
Das sementes pode retirar-se o óleo linoleico e linolénico. É importante e indispensável que seja extraído a frio e não ser filtrado ou refinado, para que atinja mais de cinquenta e oito por cento de ácidos gordos essenciais. Estes são responsáveis pela bio síntese das prostagladinas. Sem estas substâncias bio químicas surgirão problemas em todo o sistema cardiovascular, próstata, nos fluidos seminais e menstruais, rins, pulmões, cérebro, glândula do timo, etc.
O óleo é usado na prevenção do tratamento de cancro, doenças de coração, arritmia cardíaca, arteriosclerose, artrite, degeneração hepática, espasmos bronquiais e normalização de úlceras gástricas.
Não podemos deixar de mencionar os grandes benefícios nas doenças auto-imunes.
As sementes são ricas em vitaminas A, B1, B2, C, D, E e K e infusões com elas tratam diabetes, inflamações urinárias e bronquites, sem deixar de mencionar as ancestrais papas de linhaça no peito e costas que o meu avô, como médico, não as dispensava em estados gripais. Após uma cozedura, de dois a três minutos com água, das sementes trituradas obtém-se uma mucilagem que, aplicada quente mas não a ferver, é calmante para dores de abcessos.
Se juntarem ao óleo de linhaça vinho tinto em partes iguais, ficarão surpreendidos pela positiva, na cicatrização de feridas e mesmo em queimaduras.
Existem estudos conclusivos de que o óleo destas pequenas sementes, é útil na prevenção metástica do cancro da mama, mas como não há bela sem senão, os homens com câncer de próstata não o devem consumir.
Vulgarmente, a maioria das pessoas, fala de salsa como excelente tempero de cozinhados e salada, mas em boa verdade, esta ervinha pode ombrear em muitas situações juntamente com as sementes de linhaça.
A salsa é rica em vitaminas A, B1,B2, C bem como em proteínas, iodo, ferro e magnésio.
O apiol, substância oleaginosa, possível de se extrair dos frutos da salsa, tem inúmeras aplicações terapêuticas. No entanto, chama-se à atenção, de que o uso é perigoso em doses superiores a quatro gramas, pois poderá produzir coma por embriaguês química.
Contornada esta situação o uso das sementes, folhas e raiz de salsa são aperitivas, estomáticas, expectorantes, febrífugas e diuréticas.
Pode ser usada com sucesso na hipertensão e cura de afecções hepáticas. Excelente como diurética e em hidropisia.
Associada com a arruda deve ser a melhor terapia na regularização dos períodos menstruais, sobretudo em eliminar dores. Por ambas terem excelentes possibilidades abortivas recomenda-se redobrado cuidados a mulheres em estado interessante ou que pretendam engravidar. Como é inibidora da secreção láctea não deve usar a salsa quando amamenta. Blenorragias e cistites encontram grandes opositores por parte da raiz e sementes.
São Roberto é um santo a quem dedico este artigo, mas também não deixo de venerar a natureza por produzir a planta com este nome.
Seus caules vermelhos mais parecem a nossa rede vascular e, em boa verdade, a aparência é confirmada. Quando empregado internamente tem efeito hemostático, sejam hemoptises, hemorragias uterinas ou úlceras sangrentas do tubo digestivo. Bastante eficiente no hemorroidal, bem como derrames cutâneos e varizes. O infuso de toda a planta, quando amassado com argila, é no meu entender, o expoente máximo no conjunto do tratamento das úlceras varicosas.
Modéstia à parte, posso gabar-me que já tratei uma mulher, que corria o risco de amputação, com vinte e três das feridas citadas só numa perna. Usei infusões bebíveis e a argamassa indicada, tudo coadjuvado com uma alimentação condicente, sudações e hidroterapia. Esta paciente, para além do péssimo estado visível, também sofria de sérios problemas cardio vasculares. Quando as pernas ficaram tratadas, sem marcas, os exames ao coração passaram a ser de uma pessoa saudável.
Flores com pétalas de cores róseas e violáceas fazem lembrar as áureas celestiais. Talvez seja esta a razão, para que todas as terapias atribuídas às duas plantas já mencionadas, possam completar a sua informação terapêutica.
Sem me alongar no texto, não posso deixar de aconselhar aos fracos, anémicos ou leucémicos, triturarem a planta fresca e fazerem uma gemada com a gema de um ovo cru e um pouco de mel.
A ciência moderna reconhece que o uso regular do infuso regula as poliamidas que, por sua vez, impedem e tratam patologias cancerosas.
Gastam-se fortunas em emagrecimento, mas nas bermas das nossas estradas, há gratuitamente uma planta que não deixa por créditos alheios, o poder de adelgaçar corpos roliços! Estamos a falar de malvas.
Para tal, basta juntar umas folhas à sopa e utilizá-la como verdura. É barata, de agradável paladar, e eficaz em prisão de ventre, inflamações do intestino, fígado, rins e bexiga. Elimina o ácido úrico, como tal gotosa e artrítica. Em crises de tosse e resfriados ou bronquites não é de a desprezar.
As suas propriedades como mucilaginosa, emoliente e calmante, permitem eficazmente usar-se, não só internamente como em lavagens exteriores. Sarampo, escarlatina e varicela podem ser bem combatidas com o cozimento das folhas ou qualquer outra parte da planta. O mesmo acontece para irrigações vaginais, clisteres, gargarejos, lavagens ou problemas de pele. Para quem usa próteses dentárias, bochechar regularmente com chá de malvas, alivia e trata as congestões da boca e pequenos abcessos.
Interessantes propriedades hemostáticas colocam-na, entre as melhores, no tratamento do hemorroidal ou outros problemas vasculares.
Sói dizer-se “Os deuses estão loucos” mas em boa verdade, são os humanos e, quanto mais pseudo eruditos, maior é a constatação dos factos.
Quantas vezes a gula leva-me a digestões difíceis, e após recorrer a terapias aparentemente fáceis, sou obrigado a procurar no meu espaço dito civilizado a austera e rara planta, escondida lá num canto em que a mão do homem não chegou. Antes de a colher, faço-lhe uma festa, seja urtiga ou urtigão. Nunca nenhuma me picou após esta atitude, mesmo quando as colho em meu benefício.
Se estiver com uma indigestão e tomar uma infusão bem quente, com três ou quatro urtigas para uma caneca de água, garanto que a meio da toma da chávena já está a arrotar, sentindo uma melhoria do seu mal-estar.
Recuso-me a falar das propriedades terapêuticas desta planta. Peço ao leitor que recomece a ler o artigo. Todas as patologias mencionadas encontram solução com esta planta.
Após tudo isto, não posso deixar de lamentar que, quanto mais belo é o jardim, normalmente maior é o burro. Estas plantas são arrancadas e espezinhadas compulsivamente. Na maior parte dos casos, substituídas por outras tantas, por vezes, bem venenosas e difíceis de cuidar.
O grande matemático é aquele que domina as mais complexas fórmulas, mas nunca se esquece da tabuada.